domingo, 19 de abril de 2009

Rugas Fofas

Se tem uma coisa que sensibiliza meu afeto, dos pés à cabeça, é a terceira idade. Não por achar triste ou coisa do tipo, mas não consigo ver um velhinho na rua e não sentir uma ternura diferente. É quando ficamos velhos que vão surgindo as doenças e as debilidades. Sem contar em todas as lembranças de uma juventude que não volta mais, e de um futuro bem incerto, pela lógica das coisas. Se hoje fico nostálgica pela minha infância, não gosto de pensar mais à frente.

Mesmo assim ainda vejo casais de idosos caminhando cedo no calçadão, indo à padaria, fazendo natação, aula de dança. Toda uma rotina de dar inveja a muito jovem sedentário por aí. Dizem ainda que tem gente que só aprende o que é viver na terceira idade.
Que tem velho chato e rabugento é verdade. Mas não tem coisa que me encanta mais que um velhinho simpático, bom de papo e cheio de aventuras e histórias pra contar. São merecedores de um bom ouvido, e experientes naquilo que falam.

Por serem mestres nos altos e baixos da vida, conseguem enxergar beleza nos mínimos detalhes, e vão levando do jeito que dá. Compreendendo a morte como inevitável e certa, talvez ousem mais e se importem com coisas fúteis de menos. Compreendem que todas as preocupações da juventude só serviram para pintar seus cabelos de branco, e as noites sem dormir só aumentaram o número de suas rugas. E sentem orgulho disso.

Quero poder ser uma velhinha de garra, coragem e sabedoria, e que eu possa repassar o que aprendi a todos os meus descendentes e amigos, como os velhinhos que hoje admiro fazem e fizeram. Como numa canção de Forfun, quero ser e estar feliz “pela simples noção de que é uma dádiva estar vivo, de que os caminhos são lindos, e é necessário caminhar”.

Ao meu eterno velhinho, que soube viver sem muito mais além de ser feliz

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