E como diria o Chico: mas eis que chega a roda-viva e carrega a saudade pra lá. Depois de quase um mês e nenhum ar da graça em meu quérido blog, volta a vontade de escrever. E com ela o gostinho do novo, o medinho do que está por vir. E melhor, sem nenhuma vontade de relembrar histórias, nenhumazinha sequer. Eu sei que deixando subentendido não explico nada e nem quero. Que fique sem sentido assim.
Descobri que possuo "prolapso da válvula mitral" - que gonorantemente chamo de defeito no coração - e afeta entre 5 e 10% da população mundial. Ok, muita gente tem isso e não é grave, eu não devia me sentir especial. A questão é que agora não preciso mais me culpar por ficar ansiosa e palpitando com qualquer coisa, culpo a válvula! E os sintomas são típicos de pessoa apaixonada: coração acelerado, dor torácica e falta de ar... Que lindo, apaixonar e fazer prova de matemática tornaram-se pra mim a mesma coisa.
O bom ou ruim de tudo é saber que vou me sentir a mesma adolescente afobada com tudo pelo resto da eternidade, poetizando a coisa toda sobre válvulas cardíacas.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
domingo, 2 de agosto de 2009
Loving you sunday morning
"Acordei cedo e perdi o sono; Fui caminhar na praia... Não demoro." Deixei escrito num pedaço de papel, ao lado da cama desfeita. A verdade é que passei a noite em claro e só me dei conta de que ja era manhã de domingo quando a cortina deixou passar claridade, e os passarinhos já cantavam lá fora. Seis em ponto marcava o relógio. Queria manter aquilo que estava sentindo, caminhar me manteria pensando mais um pouco. Já estava pronta, tênis, moletom e meu ipod, quando descobri que meu pai na verdade acorda em pleno domingo 6h da manhã. Ele não me deixaria sair tão cedo assim, e foi o que fez, depois de fazer cara assustada 'o-que-faz-você-acordada-agora, no último dia de férias?!'.
Sem conseguir dormir decidi folhear um dos meus diários. Abriria em qualquer página, riria de mim mesma e voltaria à minha (inútil) tentativa de dormir. Não consegui. De repente me vi de novo naquele ano de 2005, 6ª série, enchendo aquela agenda-diário de dúvidas e inutilidades de pré adolêscencia. Coisas inúteis hoje, o fim do mundo naquela época. Tempos bons se passaram, embora tempos de mudanças. Talvez tanta transformação explique ser justamente o ano em que mais tive vontade de escrever... Intriguinhas, confissões, planinhos, grupinhos, fofoquinhas, milhões de mimimis. Primeiro festival, primeira viagem sozinha, primeira nota baixa, primeira cólica menstrual, e, pro grand finale, o primeiro beijo. De 'fulano quer ficar com cliclano' ou gincana de escola, passei a falar de amor. Criei tanta expectativa pro primeiro beijo que até hoje é a única data que meu acéfalo desmemoriado aceita guardar: 28 de setembro de 2005. Pensando bem, nem faz tanto tempo assim. E hoje me senti de novo entre 12 e 13 anos de idade, tímida, insegura e infantil, esperando o carinha da novela no carinha da escola, achando ser a dona da verdade quando não passava de uma criança descobrindo a puberdade; mas dizia com orgulho ter tido o primeiro beijo dos meus sonhos e com quem eu gostava naquelas páginas. Cada respiração, cada gesto, por mais insignificante que fosse, descritos minunciosamente "para todo o sempre". Talvez não tenha sido o primeiro amor - no pré eu já jurava ter encontrado o homem da minha vida - mas com certeza foi minha primeira desilusão amorosa. Que hoje guardo como um sonho bom.
E hoje uma insônia besta trouxe consigo essa nostalgia gostosa, tão crucial nas horas que o tempo parece não querer passar. Só assim pra percebermos o porquê de algumas coisas mudarem e outras continuarem na mesma, sem sentir ou entender. De tudo, entender que cada fase da vida foi e continuará sendo essencial é o mais prazeroso. Prazer é abraçar a mudança, mas de todas elas, a de sentir que a principal mundança é você.
......................................................................................................
Poeminha de Adolescente - Minha versão de "10 coisas que odeio em você", Diário de 2005.
Odeio como lê a minha mente
E como demora pra consertar
Odeio quando está estressado
Ou quando não pára de me olhar
Odeio quando me faz rir
E mais ainda quando me faz chorar
Odeio por sempre ter razão
E eu ter que me conformar
Odeio quando está por perto
Ou quando finge que não me vê
E não vem me procurar
Odeio quando se faz de sonso
Às vezes só pra me testar
Odeio... Odeio quando me provoca
Depois diz que está tudo bem
Que tudo que eu digo
É fruto da imaginação
Mas eu juro...
Eu ainda não acabei de falar
Tudo que ficou engasgado
Que eu ainda guardo com amargura
Dentro do coração
Odeio seu jeito de tenho-opinião-pra-tudo
E sua dupla personalidade
Mas mais, muito mais que tudo,
Odeio o modo como não te odeio nem um pouco.
E ainda tenho que admitir
Que se por tudo isso que odeio em você
Depois vem tudo à tona em dobro
E depois te amo muito mais.
Sem conseguir dormir decidi folhear um dos meus diários. Abriria em qualquer página, riria de mim mesma e voltaria à minha (inútil) tentativa de dormir. Não consegui. De repente me vi de novo naquele ano de 2005, 6ª série, enchendo aquela agenda-diário de dúvidas e inutilidades de pré adolêscencia. Coisas inúteis hoje, o fim do mundo naquela época. Tempos bons se passaram, embora tempos de mudanças. Talvez tanta transformação explique ser justamente o ano em que mais tive vontade de escrever... Intriguinhas, confissões, planinhos, grupinhos, fofoquinhas, milhões de mimimis. Primeiro festival, primeira viagem sozinha, primeira nota baixa, primeira cólica menstrual, e, pro grand finale, o primeiro beijo. De 'fulano quer ficar com cliclano' ou gincana de escola, passei a falar de amor. Criei tanta expectativa pro primeiro beijo que até hoje é a única data que meu acéfalo desmemoriado aceita guardar: 28 de setembro de 2005. Pensando bem, nem faz tanto tempo assim. E hoje me senti de novo entre 12 e 13 anos de idade, tímida, insegura e infantil, esperando o carinha da novela no carinha da escola, achando ser a dona da verdade quando não passava de uma criança descobrindo a puberdade; mas dizia com orgulho ter tido o primeiro beijo dos meus sonhos e com quem eu gostava naquelas páginas. Cada respiração, cada gesto, por mais insignificante que fosse, descritos minunciosamente "para todo o sempre". Talvez não tenha sido o primeiro amor - no pré eu já jurava ter encontrado o homem da minha vida - mas com certeza foi minha primeira desilusão amorosa. Que hoje guardo como um sonho bom.
E hoje uma insônia besta trouxe consigo essa nostalgia gostosa, tão crucial nas horas que o tempo parece não querer passar. Só assim pra percebermos o porquê de algumas coisas mudarem e outras continuarem na mesma, sem sentir ou entender. De tudo, entender que cada fase da vida foi e continuará sendo essencial é o mais prazeroso. Prazer é abraçar a mudança, mas de todas elas, a de sentir que a principal mundança é você.
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Poeminha de Adolescente - Minha versão de "10 coisas que odeio em você", Diário de 2005.
Odeio como lê a minha mente
E como demora pra consertar
Odeio quando está estressado
Ou quando não pára de me olhar
Odeio quando me faz rir
E mais ainda quando me faz chorar
Odeio por sempre ter razão
E eu ter que me conformar
Odeio quando está por perto
Ou quando finge que não me vê
E não vem me procurar
Odeio quando se faz de sonso
Às vezes só pra me testar
Odeio... Odeio quando me provoca
Depois diz que está tudo bem
Que tudo que eu digo
É fruto da imaginação
Mas eu juro...
Eu ainda não acabei de falar
Tudo que ficou engasgado
Que eu ainda guardo com amargura
Dentro do coração
Odeio seu jeito de tenho-opinião-pra-tudo
E sua dupla personalidade
Mas mais, muito mais que tudo,
Odeio o modo como não te odeio nem um pouco.
E ainda tenho que admitir
Que se por tudo isso que odeio em você
Depois vem tudo à tona em dobro
E depois te amo muito mais.
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